segunda-feira, 26 de julho de 2010

O instrutor da auto-escola

A Ronise me provocou a contar a história da minha primeira aula de direção na auto-escola*.

Como bem sabem alguns que me seguem aqui há mais tempo, e aqueles que seguiam o blog véio, e ainda os que conheceram o blog anterior (deletado), voltei a dirigir depois que a Nina nasceu por causa das dificuldades de leva-e-traz de pediatra, escolinha, casa da vó, shopping (ops). Antes disso eu não dirigia, apesar de ter feito a carteira de motorista em Ribeirão Preto, uns oito anos antes. Nunca fui de gostar de dirigir e parte da culpa se deve à traumática primeira aula de trânsito da minha vida.

Era em Ribeirão. Eu só podia treinar direção na hora do almoço - temperatura média de 36 graus. Chego pra primeira aula do pacote de cinco ou dez (nunca fui otimista e também nunca tinha sentado no banco do motorista). A moça chama o instrutor: morenão grandão, uns 45 anos, barrigudo, peito de pombo, estufado - andando meio de lado como quem não aguenta andar porque comeu demais - chacoalhando as correntes no peito, douradas e desbotadas como toda bijuteria; a camisa azul estampada de viscose brilhava mais embaixo do sovaco e dos peitos. Enfim, aquilo tudo.

Feliz, falador, o tal instrutor (não lembro do nome) me apontou o carro, um modelo popular, xexelento, fedido e usado como ele. "Já vai sair dirigindo", avisou. Isso no centro da cidade, um mini-caos. Eu suava de calor e de nervoso, mas fui corajosa. Ele entrou.

- Aqui é a embreagem, ali o acelerador, o outro é o freio, aperta a embreagem pra ligar o carro. Isso. Liga. Agora põe em primeira, assim ó.

No blablabla da embreagem, pegou por cima da minha mão, no câmbio. E ali deixou.

- Troca assim a segunda, a terceira é aqui, a quarta, pra trás.
- Tá ok, obrigada.

E a mão lá, em cima da minha, colada. Vendo meu desconforto, avisou:

- Não leve a mal que eu pego na mão, né? Você é casada? Hahahahaah. Então não leve a mal a minha mão porque as minhas meninas gostam que eu ensine assim, você vai ver, vai aprender muito mais rápido.

Protestei tão timidamente que ele nem deu bola. Mandou virar, seguir em frente, foi freando e apertando a embreagem de seu lado (carros de auto-escola têm tudo duplo pra que o instrutor tome "as rédeas" do carro em caso de descontrole técnico ou emocional do aluno). Com 10 minutos de aula ele disse que eu já estava pronta pra andar mais rápido, me mandou pegar uma avenida que termina num viaduto.

E a mão por cima da minha, no câmbio, toda hora. Eu já começando a ficar roxa. Não sei o que fiz quando estava bem sobre o viaduto, se mudei de faixa, se acelerei demais, realmente não lembro. Só que o instrutor saiu de seu personagem blasé recostadão e deu um pulo, retomou o controle, disse pra eu não fazer nada, tudo muito rápido. Acho que demos uma freiada. Não sei.

- Menina, que susto você me deu agora! Não faça mais isso!
- Mas o que...
- Foi um susto muito grande!
- ...
- Sabe o que acontece quando eu me assusto? SABE O QUE ME ACONTECE????
- ... não
- Eu fico de pênis ereto.


Sim, você leu direito.

Olhei pra frente e não mais me mexi dentro do carro. Fomos em direção à auto-escola, ele me fez retomar a direção, obedeci a todas as instruções. Olhando pra frente. Ele não pegou mais na minha mão. Fui embora, perdi a grana do pacote, mudei de auto-escola. Imagina o perigo, com o tanto de barbeiragem que eu ainda tinha por fazer.


*Eu sei que mudou pra autoescola mas o blog é meu e eu ponho hífen onde eu quiser.

9 comentários:

Bia, Desperate Housewife disse...

Respiração suspensa; que história [e essa, mulher!!!!

Sabe que por medo de instrutor fazer bobice eu me habilitei numa autoescola só pra mulheres (q nem tem mais) aqui em Campinas.

Ai, mas de imaginar a figura toda (vc descreveu tão bem, senti tei trauma), assustado de pau duro me deu coisas (ruins) cá por dentro.


Ui ui ui

Beijo

Letícia disse...

Tô boba. Sem mais.

Deh disse...

Sem palavras, até deu uma raspada na garganta aqui, ew.
Tinha que ser na suada e calorenta e abafada Ribeirão Preto, hein. Afff....

Cam Seslaf disse...

Medo, medo, muito medo. Só.

Ronise Vilela disse...

Conforme o tweet, que bom ter te provocado. A história virou código!

Rita disse...

Quando eu consegui fechar minha boca escrevo alguma coisa.

:-O


WHAAAAAAAT THE HELL!!

SrtaRozz disse...

HAHAHAHAHAHA! RIALTO aqui, Tina!
Cuidado, migs! ;)

caso.me.esqueçam disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHA
e eu achava que o bafo de alcool do meu professor as 8h da manha era dose.

que mala!

Vivien Morgato : disse...

Tina, tirei carta com vinte sete, vinte oito anos.

Antes disso fiz aulas com 24. Era casada há pouco tempo.
Fiz mil aulas. Na primeira, o instrutor me exmplicava e tinha o hábito de "falar pegando", sacumé? Pessoa que fica colocando a mão no interlocutor.
Só que uma das vezes ele falou e "esqueceu" a mão na minha perna. Fiquei super constrangida - além de desconhecido, ele era bem escrotinho, devia seguir a mesma tendência fashion do seu..rs - e pensei que ele fosse se mancar, como não se mancou, pedi que não ficasse colocando a mão em mim, porque me incomodava.
Ele ficou super ofendido, me ensinando ( ?) com pressa e acabando a aula mais cedo.
Parei.
Ficou agora a questão...será que isso é frequente?? ;0(