O livro
"Fatal" (Elegy), o filme, com Ben Kingsley e Penelope Cruz.
Tantos livros bons foram transformados em filmes bons, médios, péssimos, aviltados ou rigorosamente representados. Vou dar uma roubadinha e citar alguns: não posso deixar de lembrar o quanto o filme A Insustentável Leveza do Ser me fez "entender" os personagens, principalmente Tereza, de forma mais completa - o livro traz o subjetivo, o interior; o filme os coloca em movimento e ação. Pergunte ao Pó, com Colin Farrel, tão bem intencionado quanto mal realizado. E como não lembrar de Lolita: o excelente, de Kubrick, que não teve medo do polêmico, do ridículo e do cruel, e o lamentável, patético, publicitário, romantiquinho e, na minha opinião, ofensivo à obra, Lolita de Adrian Lyne, com Jeremy Irons fazendo um Humbert Humbert vitimizado? Afe.
Tantos títulos. O Morro dos Ventos Uivantes... Orgulho e Preconceito... 1984 (excelente), O Falcão Maltês. Tantos! Mas vou continuar a trapaça e eleger pra esse item um livro cuja adaptação cinematográfica ainda não vi: O Animal Agonizante, de Philip Roth. Um livro narrado por um simpático canalha, o professor David Kepesh, crítico de arte e estrela de um programa de tv, colecionador de conquistas entre suas alunas. Um livro sobre sexo e morte, os dois opostos, como já nos ensinou Blanche Dubois em Um Bonde Chamado Desejo - outro texto, agora de teatro, barbaramente filmado.
Você pode imaginar o que é a velhice? É claro que não. Eu não podia. Nunca consegui. Não fazia ideia do que era. Não tinha nem mesmo uma imagem falsa - não tinha imagem nenhuma. E ninguém quer outra coisa. Ninguém quer encarar a velhice antes de ser obrigado a encará-la. Como é que tudo vai terminar? Em relação a isso, ser obtuso é de rigueur.
Sobre o livro e o filme, indico a leitura do post do Milton Ribeiro.
*Tradução de Paulo Henriques Brito
4 comentários:
Nossa, AMEI o filme, o livro, tudo. Preciso ler mais do Philip Roth, ele está na minha lista. Ótima lembrança, Tina ;)
Tina, tô acompanhando sua série sobre os livros, e a cada dia percebo como gosto de muitos livros que você já incluiu. Adoro Philip Roth, Hammet, Chandler. Gosto muito também de Simenon, Patricia Highsmith, P. D. James, ou seja, policiais bem escritos e que nos fazem pensar. Fico orgulhosa quando vejo que minhas meninas aprenderam comigo a gostar de ler, de um jeito natural.
Bjs, Judith
Tópico difícil esse, ne? Tanta coisa, acho que ou burlar um tiquinho também. ;-)
Não li seu eleito, mas, claro, vou à cata.
Bjs
Rita
Fatal é um bom filme. Não gosto nem um pouco do Lolita de Kubrick -- apesar de adorar TODOS os outros filmes dele.
Vale a pena lembrar que Hitchcock só fazia filmes de maus livros. Citando a mim mesmo:
"Quanto à criação dos filmes, Hitchcock tinha outras coisas a ensinar. Por exemplo, ele quase sempre se baseava em obras literárias menores. Ele tratava de melhorá-las, vencendo a comparação. Hitch, como era conhecido, sempre criticou uma de suas atrizes preferidas, Ingrid Bergman, por seu desejo de fazer filmes com grande temas (Joana d`Arc) ou com roteiros baseados em grandes obras (Por quem os sinos dobram). Ela queria imortalizar-se desta forma enquanto Hitch lhe advertia que tais filmes seriam vencidos ou pela história ou pelo livro associado. Tinha razão."
Dos que citaste, gosto especialmente da adptação de A Insustentável. Funcionou muito bem.
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