quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Você sai do Brasil mas o Brasil não sai de você

- Tia, tô ajudando minha mãe, é um pano de prato por R$ 4, três por R$ 10.
Baixo a voz da Carla Bruni, baixo mais a janela, pego a bolsa.
- Tenho R$ 6, me dá um pano de prato e fica com R$ 2 pra você comer um salgadinho.
- Não posso, tia, tem um polícia aqui no estacionamento que se me vê pedindo dinheiro sem vender, briga.
- Imagina, ninguém tá vendo, fica com R$ 2 pra você, tô te dando porque você é bonitinho.
- Olha, tia, te dou dois panos de prato.
- Mas eu só quero um, e que você fique com os R$ 2.
- Não, tia, pega os dois, você é legal.
- Então fica com meu guaraná, só tomei um golinho.
- Ah, tia, que bom, eu tava mesmo morrendo de sede.
- Então tchau.
- Tchau.
- Cuidado com os carros.
- Tá.


Daí eu choro copiosamente no sinal.

5 comentários:

Rita disse...

:-(

Sem condições.

caso.me.esqueçam disse...

aff...

Suzana Elvas disse...

Tina, é de impressionar mas parece que existe uma máfia atrás dessas crianças. Já aconteceu EXATAMENTE a mesma coisa - eu querer deixar o troco e a criança ir ao desespero porque as contas não iam bater depois.
E sim, eu sempre choro, por dentro e por fora. Havia um garoto em Niterói que vendia pastilhas Garoto depois que o sinal fechava. Ele vendia com o uniforme da escola, e eu sempre comprava TUDO dele. Tentava devolver alguma coisa (como uma gorjeta) mas ele abria dois pires e dizia que não, que não estava certo. E eu a distribuir pastilhas Garoto na redação do jornal.

Táus disse...

:((((((((((

Suzi disse...

Ai, nega. Essas coisas me derrubam. Choro de soluçar. E os meninos da rua são meus fornecedores oficiais de pano de prato.