domingo, 29 de abril de 2012

Nossa língua

Assisto às aulas de Francês à noite, duas vezes por semana, cansada, sem condição de dar nem boa-noite pra porteiro, quanto mais fazer alguma observação pertinente usando os verbos e colocações recém-aprendidos. Tem sido um vexame atrás do outro: eu entendo, copio, escrevo, mas na hora de falar, travo, gaguejo, pisco, erro. Fico pensando se um dia serei capaz de lidar com essa língua com a mesma facilidade do Inglês – e que não é grande coisa, mas digamos que me viro bem. Aprendi novinha, neurônios à toda, sinapses frescas e tive toda uma convivência diária com Seinfeld & friends pra me ajudar. Agora, quem fala que Francês é "fácil, parece português" merece ser largado no meio do Charles De Gaulle com a missão de chegar ao centro de Paris sem recorrer ao dicionário, sério. É muito muito mais difícil do que parece. 

Tergiversando: quando estive em Lisboa precisei ir à cabeleireira. Não lembro o porquê, mas não consegui tingir os cabelos antes de viajar e estava me sentindo horrorosa. Quero dizer, eu estava horrorosa. Fui ao salão ao lado do hotel – era véspera do meu aniversário, se não me engano; já tinha passeado à toa, sozinha, pelo centro da cidade, estava cansada, eram 19h e o salão estava aberto, olha que coisa boa. Expliquei exatamente que tom de ruivo eu queria – acobreado, não arroxeado; com fundo marrom pra loiro, não vermelho fake

Lavaram-me os cabelos, massagearam-no, foi uma delícia tirar a nhaca do avião e relaxar. Conversei com a cabeleireira sobre o tempo no Brasil e outras amenidades. Sempre falando devagar e tentando não usar gírias que causassem alguma confusão. Terminado o trabalho, agradeço e me despeço, quando ela me elogia:

- Incrível como tu sabes falar bem a nossa língua!


11 comentários:

disse...

Francês é dificil sim! O pior nem são as regras e conjugações, mas a pronuncia. Depois de mais de 6 anos morando aqui, tem som que não consigo fazer direito.

Outra coisa complicada (isso em qq lingua) é o idioma que vc aprende na escola e o idioma falado na rua. Um não tem nada a ver com o outro.

Na escola vc aprende a falar voiture, travail, manger.

Na rua o povo fala bagnole, boulot, bouffer.

;)

Anônimo disse...

haahahahah de onde será que aparecem as piadas de português? =P

Caminhante disse...

Na opinião deles nós falamos "brasileiro"...

Raiza disse...

ahauhauahauha
Francês parece com português,mas nem por isso deixa de ser difícil.Eu falo,ouço e leio bem,mas na hora de escrever...Já desisti de acentuar as palavras.É acento demais.

MegMarques disse...

Hehehe, eles acham que nós estragamos a língua pátria.

Como o caso daquela senhora inglesa que ao ser atendida por um garçon-surfista em Los Angeles, reclamou:

- Nós demos a vocês um idioma, por que não o usam?

Isa disse...

oiço o mesmo aqui, quando puxo o sotaque paulista ;)

Verônica disse...

Eu acho que você tanto fala quanto escreve bem em Português. E como a Dé falou, a língua falada é muito diferente da ensinada na escola. Seu Francês, Português ou Inglês podem estar afiadíssimos, mas no dia-a-dia é bem possível não darem conta de todas as situações de comunicação.
Cada dia que passa, convenço-me que meu Francês é acadêmico, só serve nesse contexto específico.
beijo, estava com saudades de post novo.

Rita disse...

Aê, Tina, toda poliglota, mandando ver em Lisboa.

;-)

Bj
Rita

Anônimo disse...

Vou dar uma defendida aqui no meu métier! Francês é fácil sim!!! E qualquer método decente com menos de 20 anos ensina os diferentes registros de língua, ou seja, a norma culta, formal, informal, a linguagem familiar, as gírias etc. Assim que boulot, bagnole et bouffer consta em qualquer manual razoável com menos de 20 anos!
Não desanima, Tina! Vai no seu ritmo que cada um tem o seu! E a meta não deve ser a perfeição, e sim a comunicação! :)
Leila

Lud disse...

Mas é fácil de ler, né? Aí fico achando que manjo do negócio, e na hora de falar/escrever me lasco toda. Enfim, leio muitão e isso me deixa feliz.
Bisous,
Lud

Rubão disse...

E quando parisienses cismaram de pedir informação pro mineiro aqui, que não fala bulhufas? Nem por isso fugi ao chamado da civilidade, embora só gaguejasse "Gauche, Droit, avant!" serpenteando mãos e braços.

E Dona Meg, que fala francês, ali quietinha, me deixando passar rabo.