Impressionante

Estava na National Gallery e lá tem um Van Gogh de girassóis - eu ainda não tinha visto nenhum de girassóis até então. Tive o privilégio de passar um bom tempo em frente a auto-retratos e paisagens, trigais, o quarto, a cadeira e tal (a maioria no D'Orsay, que reuniu em janeiro uma exposição de impressionistas de ver de joelhos), mas nunca as tais flores que o tornaram ainda mais famoso. Pois vi de longe o amarelo hipnótico e fui quase correndo, tentando manter a pose, até uma posição ideal para admirar o quadro. Esperei uma família sair da sua frente e quando estava me ajeitando a uma distância boa porém elegante o suficiente para não atrapalhar ninguém, surge um bando de crianças inglesas, uniformizadas, cerca de 8 anos, com o professor. Sentaram-se no chão, uns 20, e eu perdi a visão de frente, tive de me ajeitar de lado. Mas que pestes privilegiadas, eu demoro 41 anos pra ver um girassolzinho e eles vêm aqui da vizinhança me atrapalhar, pô - pensei. Eles vinham de um tour pelas salas anteriores - na National Gallery as obras de arte são separadas por datas, ou melhor, por escolas de arte, o que mantém a ordem cronológica, então eles já tinham passado pela maior parte dos classicões. O professor perguntou à turma:

- Estes são alguns Van Gogh. O que vocês vêem aqui que não viram nas obras das outras salas?

E um polaquinho arruivado ergueu a mãozinha e responder:

- Não tem santo, professor!

Eu bem quis sentar no chão e passar o resto da aula com eles.


PS - lembrei disso quando conheci este blog sensacional, indicação da Rita.