Lá fui eu hoje em outro homeopata que atende pelo plano de saúde. A mesma desconfiança de sempre: se tem horário na agenda, não deve ser grande coisa. Já reparou como médico bom, indicado e com garantia, só tem espaço dali a meses?
Cheguei antes e fiquei sacando o lugar. Dois velhinhos na sala de espera, esperando alguém ser consultado. A filha solteirona, chutei. Errei, era uma velhinha mais velhinha ainda. Bom sinal: velhinhos se tratam há anos, não é?
Mas tinha uma placa na mesa da secretária onde se lia “Jesus vive e voltará”. Algo assim. E uma música ambiente tipo “Enya encontra o Bebê de Rosemary”.
O médico chamou, tinha jeito de velhinho, mas nem era tanto. Provavelmente é mais novo que minha mãe: no bloco de notas, com capa de madeira, está escrito “turma de 1975”. Quem se formou em Medicina em 1975 devia ter o quê, uns 25 anos. Então nasceu lá por 1950. Mais novo que minha mãe. Já não devia usar bigode.
Ele faz aquele questionário homeopático básico. Eu e meus “dependes”. Gente, tem dia que eu prefiro massa à doce. É difícil entender isso? Sou friorenta. Não tenho fobias. Juro. Só de questionários homeopáticos.
“Você respondeu aqui que não tem religião”, diz, referindo-se à ficha.
Ai, ai, não me pergunta de religião, vai? Eu sofro de ansiedade, mordo os dentes, quero um calmante que não seja boleta, é só isso.
Mas não, tive que responder como foi minha formação religiosa. E a do meu marido!
E se tenho rancores.
Mágoas.
Traumas.
Yes, Yes, Yes. Quem não? A Nina, talvez. Mas acho que já providenciei alguns pra ela.
Atrás dele, num móvel, fotos das formaturas das filhas. Ele tem duas filhas. Bonitas. Foto de gente vencedora num consultório, sinceramente, acho dispensável.
Chega a hora em que ele pára de perguntar. Me passa a bola.
“Fale sobre você”.
“Fiz terapia uma vez mas parei porque não gosto de ficar falando de mim”.
Deve ser informação suficiente pra um remedinho que me impeça de morder os dentes, ora.
E foi. Receitou um fitoterápico e um homeopático. Vou fazer o fitoterápico, que deve ser tipo um Passaneura concentrado.
Até estava achando o tiozinho legal, fora o bigode e as fotos das filhas. Daí ele aperta minha mão e diz: “vai com Deus”.
NEXT!
Cheguei antes e fiquei sacando o lugar. Dois velhinhos na sala de espera, esperando alguém ser consultado. A filha solteirona, chutei. Errei, era uma velhinha mais velhinha ainda. Bom sinal: velhinhos se tratam há anos, não é?
Mas tinha uma placa na mesa da secretária onde se lia “Jesus vive e voltará”. Algo assim. E uma música ambiente tipo “Enya encontra o Bebê de Rosemary”.
O médico chamou, tinha jeito de velhinho, mas nem era tanto. Provavelmente é mais novo que minha mãe: no bloco de notas, com capa de madeira, está escrito “turma de 1975”. Quem se formou em Medicina em 1975 devia ter o quê, uns 25 anos. Então nasceu lá por 1950. Mais novo que minha mãe. Já não devia usar bigode.
Ele faz aquele questionário homeopático básico. Eu e meus “dependes”. Gente, tem dia que eu prefiro massa à doce. É difícil entender isso? Sou friorenta. Não tenho fobias. Juro. Só de questionários homeopáticos.
“Você respondeu aqui que não tem religião”, diz, referindo-se à ficha.
Ai, ai, não me pergunta de religião, vai? Eu sofro de ansiedade, mordo os dentes, quero um calmante que não seja boleta, é só isso.
Mas não, tive que responder como foi minha formação religiosa. E a do meu marido!
E se tenho rancores.
Mágoas.
Traumas.
Yes, Yes, Yes. Quem não? A Nina, talvez. Mas acho que já providenciei alguns pra ela.
Atrás dele, num móvel, fotos das formaturas das filhas. Ele tem duas filhas. Bonitas. Foto de gente vencedora num consultório, sinceramente, acho dispensável.
Chega a hora em que ele pára de perguntar. Me passa a bola.
“Fale sobre você”.
“Fiz terapia uma vez mas parei porque não gosto de ficar falando de mim”.
Deve ser informação suficiente pra um remedinho que me impeça de morder os dentes, ora.
E foi. Receitou um fitoterápico e um homeopático. Vou fazer o fitoterápico, que deve ser tipo um Passaneura concentrado.
Até estava achando o tiozinho legal, fora o bigode e as fotos das filhas. Daí ele aperta minha mão e diz: “vai com Deus”.
NEXT!
5 comentários:
"Enya encontra o Bebê de Rosemary”.
Tô gargalhando disso até agora =)
Ué, Tina, se já tem plaquinha de crente na mesa da secretária, crente será. Mas por mim tudo bem. Teve uma época em que eu, atéia, era coordenadora acadêmica numa escola de inglês. Acho que metade dos professores era crente, e haviam convencido a dona a se juntar à igreja. Acho que até havia uma campanha pra tirar da coordenação uma atéia, mas eu me dava bem com todos eles. E muitas vezes a gente debatia religião...
eu também tenho preconceito com médico religioso... e me recuso a voltar em médico que odeia gato.
o problema de homeopatia é que o médico sempre vai ser enigmático e nunca vai dizer o que você tem, nem pra quê o remédio vai servir, nem como atua. detesto ficar no escuro (e parece que você também...)
Loló, quassaícorreno.
Lola, até achei que a plaquinha era da secretária. E eu jamais jamais debato o trio futebol-política-religião. Bem, futebol às vezes, mas só com os chegados.
Cynthia, detesto comportamento misterioso. Coisa de curandeiro. Me enche, mesmo.
Bjks.
Tina, também tenho bruxismo e aperto os dentes muuuuito à noite - tenho umas dores de cabeça horríveis de vez em quando por isso. Uso a plaquinha para dormir e cerca de uma vez por mês vou ao dentista para manutenção.
Umas épocas tomava Maracujina para dormir, e também florais uma época, mas não faziam efeito nenhum... E como tenho medo de ficar viciada em remédio, não tomo outra coisa. Mas o que tem me ajudado é caminhar na sala de ginástica do prédio praticamente todo dia, ao chegar do trabalho. Fico tão exausta que acabo desmaiando de sono e tenho dormido melhor.
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