As respostas pro post anterior ficaram gigantes, então colei aqui, a partir do meu último comentário.
Raiza, tbm me deu medo do pai e do tal melhor ortopedista da cidade. E raivinha da mãe ser tão passiva. Imagina se um cara dá um diagnóstico definitivo desse da Nina, na primeira consulta, sem falar em fisioterapia, em tratamento. Bem, não vamos esquecer a hipótese de ela (a mãe) ser uma louca que quer chamar atenção. Porque existem, e muitas.
Tamara, em 1º lugar – vc está na SUA casa e a irmã leva o namorado e é vc quem deve se adaptar ao mundo deles? Rá. Quanto à sua reflexão, veja, eu vivo me pegando passando, sem querer, valores enraizados sem tê-los questionados. Às vezes volto atrás, paro tudo e falo: péra aí filha, vamos pensar, acho que não é bem assim. Tenho me policiado principalmente com relação a preconceitos – cor, raça, orientação sexual – e às noções de beleza e poder financeiro. Mas muita coisa passa batida. Tipo, tomar conta dos afazeres domésticos porque sou eu que faço melhor: como as mães de antigamente, a imagem que fica é do pai que sai pra trabalhar enquanto a mãe arruma a casa. (pq meu trabalho é de meio período fora de casa, integral no entanto, na internet). Enfim. A gente tenta.
Amanda, hahahah, eu não sou do time que acha que tudo está perdido, não. Tem muita gente boa criando pessoinhas melhores ainda. E não estou me referindo ao politicamente correto radical, que isso também é uma praga. Injustiça minha mesmo não anotar os lances bacanas, mas o grotesco e o ridículo sempre atraem mais atenção, infelizmente.
Haline, eu agüento porque ela adora as festas, não vou privá-la disso. Depois eu cobro: “tive que agüentar 4 horas de festa ontem, hoje me deixa ver o Lost inteiro sozinha!”, hahahaha.
Nilus Queri lóviutchu. Olha, é difícil pra caramba chegar perto, sequer vislumbrar, essa perfeição toda. Outro dia mesmo a Nina quase acertou um chute no primo e eu automaticamente dei uma palmada na bundinha. Quer dizer. Violência com violência. Depois que passou o chororô e o castigo (no quarto) fui lá conversar e prometi nunca mais dar palmadas, desde que ela também nunca mais apele pra chutes e tapas. A gente sabe que nunca é tempo demais, mas como já disse antes, a gente tenta.
Cin, hahahah, se fosse assim teriam me proibido de ter filhos alguns anos atrás... mas sempre há a possibilidade de os pais aprenderem com os filhos.
Oi, Michele. Sabe, vejo muita mãe preocupada em não incentivar a filha a usar rosa e assistir filmes de princesas. Eu deixo. Não vejo esses detalhes com tanta preocupação, acho que a mulher-vítima como você diz surge de outras influências muito, muito piores. Também brinca de carrinho se quiser, faz judô na escola, quer ser engenheira ou artista. O engraçado de ter filhos é a forma como eles contrariam nossas expectativas. A Nina, por ex., é super peruinha – no bom sentido. Uma peruinha maloqueira. Adora unhas pintadas e ao mesmo tempo passa o dia na bike, se puder. O que vai torná-la diferente, e isso já está acontecendo, são as opiniões e a visão do mundo. Por exemplo, no dia que ela contou pras amigas que existe casal gay. Chamaram-na de mentirosa e ela chorou em casa. Eu passei a mão na cabeça e expliquei: querida, suas amigas ainda não sabem disso, as mamães e papais ainda não quiseram contar pra elas não ficarem confusas, mas você já sabe que tudo bem. Ontem ela chegou em casa contando: “minha amiga Gabriela disse que eu sou a colega que mais sabe de tudo da escola”, hahaha. Porque ela tinha explicado pra amiga que “o sangue corre nas aveias”. Te garanto, Michele, que ela prefere saber mais e mais, e já aprendeu a refletir - às vezes ela senta no Barney gigante e fica lá só pensando. Claro que eu erro a dose também. Outro exemplo: eu faço tanto, mas tanto esforço para que ela veja a beleza negra, se liberte do estereótipo Barbie Loira (apesar de ter várias), que ela me disse ter achado a Mo’Nique a mulher mais bonita do Oscar. Ora, não precisa tanto. É porque eu mostrei pra ela: viu essa mulher negra, gordinha, como ela está bem num vestido lindo, sendo festejada, feliz? É porque ela é a MELHOR de todas as atrizes e deve ganhar mais um prêmio (a Nina é muito impressionada com prêmios e isso eu não sei daonde veio). De novo, minha palavra favorita: ENFIM. É tudo muito complicado.
5 comentários:
Ai, eu gosto tanto da Nina.
Eu adoraria ver a cara dos pais das amiguinhas dela, quando eles perguntaram - porque eles perguntaram, opa! - se existia casal gay...hihihhi
beijos, adorei.
Rita: nhóim procê.
Vivien: me too! heheheheeh
Ai Tina, eu sou fã sua e da Ninotchika mais ainda! Eu tento ser fortona, mas tenho crises de insegurança às vezes. Confesso que, desde o carnaval da escola, em que ela era a única menina da classe que não estava fantasia de princesa (tava de mulher maravilha, com direito a bota e tudo, owwww), eu fico preocupada se estou pegando pesado demais...
Desculpa te fazer escrever mais e mais, mas ufa, me faz refletir e me dá um alívio esse seu jeitão! Thanks a lot!
Beijos para as duas e um beijinho da Clarice!
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