terça-feira, 23 de agosto de 2011

Day 05: A book that makes you laugh



 Ri muito com Cartas na Rua, o primeiro romance publicado de Charles Bukowski. Mas não foi um riso frouxo. Graças ao seu alter-ego, Henry Chinaski, conheci a América fracassada, pobre, suja, escrota, angustiada, sem saída. Assim, Cartas na Rua é um livro para se rir da desgraça, juntamente com o desgraçado. É como tomar um porre com o amigo fodido, porque é o que nos resta.

O uísque e a cerveja evaporavam de mim, escorriam das axilas, e eu ia andando com minha carga nas costas como se carregasse uma cruz, entregando revistas, entregando milhares de cartas, cambaleando, derretendo debaixo do sol. 
Alguma mulher gritou:
- Carteiro! Carteiro! Essa carta não é daqui!
Olhei. Ela estava um quarteirão morro abaixo e eu já estava atrasado.
- Olhe, dona, ponha a carta do lado de fora. Nós pegamos amanhã!
- Não! Não! Quero que a leve agora!
Ela sacudia o troço no ar.
- Dona!
- Venha buscar! Não é daqui!
Oh, meu Deus.
Deixei cair o malote. Aí peguei meu quepe e atirei-o na grama. Rolou até a rua. Não liguei; desci em direção à mulher.
Desci meio quarteirão e arranquei a droga da carta das suas mãos, aí virei e voltei.
Daria um anúncio! Correio de 4ª categoria. Algo como a venda de roupas pela metade do preço.
Catei meu quepe e pus na cabeça. Pus o malote de volta no ombro esquerdo e recomecei. 32 graus. 
Passei por uma casa e uma mulher correu atrás de mim.
- Carteiro! Carteiro! Não tem uma carta pra mim?
- Dona, se não coloquei uma na sua caixa é porque não tenho.
- Mas eu sei que tem uma carta pra mim!
- Por que acha que eu tenho?
- Porque minha irmã telefonou e disse que ia me escrever.

Anos atrás, demos um exemplar desse livro a um amigo de boteco, carteiro que trabalhava de madrugada. Antes de pegar no serviço ele passava no bar da dona Elza, nossa vizinha, onde também marcávamos ponto ao fim de dias quentes e de trabalho exaustivo. Nosso amigo carteiro bebia religiosamente uma cerveja long neck e uma dose de Steinheger. Não sei se ele gostou do livro.


3 comentários:

Palavras Vagabundas disse...

Não sou a maior fã de Bukowski mas gostei de Cartas, só não sei se releria...caso a se pensar!
abs
Jussara

Anônimo disse...

Eu li este livro nas idas à biblioteca da faculdade, que fazia pra matar o tempo entre o final do expediente e a aula. Gostei, mas também não sou super fã do Bukowski, acho que pq o álcool não é suuuuuper a minha praia. ahhahahaha
=P

Anônimo disse...

BUK <3333333