O caso é que não estou lidando bem com o envelhecimento. Achava que isso era mimimi típico de perua, coisa de quem viveu só de aparência e que não tem, sei lá, paz de espírito para se deixar levar pelo tempo. Sempre soube - ouvi dizer à minha volta - que bonito mesmo é envelhecer com dignidade e placidamente (como as muito pobres ou muito ricas, complemento), aceitando suas rugas - que são o roteiro de sua vida, seu sofrimento, suas conquistas. Tudo muito lindo de se dizer, até que você vai dar boa-noite para a filha, na cama, e ela passa a mão no seu rosto abaixado - disfarçando, com um carinho, uma "ajeitada" para a mãe parecer menos velha.
Não é mole não. Lembro bem da minha mãe olhando para suas mãos, aos 36 anos, e comentando "já estou ficando com mãos de velha". Com 40, as minhas também já são. Nem vou falar de cremes e tratamentos, se são válidos ou melhoram a aparência. E esse sentimento tem a ver com aparência, sim, claro! Ninguém tem de si a auto-imagem de uma velhinha fofa. Não se trata de permanecer linda ou não (haha). Nem de querer ter um Retrato de Dorian Gray no armário. O duro é você sentir que seu corpo está começando a morrer. Neurônios, músculos, ossos, cartilagens, todos estão se dando bem com a velhice e se aposentando. E eu não consigo somente me adaptar: não me conformo.
Juventude é uma coisa boa demais. Por mais tola que eu tenha sido, por mais vexames que tenha dado, por mais ignorância ou tudo de ruim que tenha havido na imaturidade, não posso deixar de suspirar: como era bom ter todo o futuro pela frente. Não gosto de viver do passado e não me conformo que meu futuro seja virar uma senhora jeitosinha. E olha que curti bem a tal juventude, apesar de ter trabalhado muito e ter tido sempre pouco dinheiro e pouco tempo pra diversão. Mas não se trata de diversão, também. É um estado de alma que a gente perde. Conhecimento, ceticismo, esperteza, bom senso, noção das coisas da vida, isso tudo é muito bem-vindo. Mas o frescor, ah que saudade do frescor, do se jogar de cabeça, da dedicação às causas, das surpresas.
Mas não, eu não trocaria quem sou hoje, pela Cristina que já fui. Meus amores atuais são mais fortes que meu amor-próprio.
Mas não, eu não trocaria quem sou hoje, pela Cristina que já fui. Meus amores atuais são mais fortes que meu amor-próprio.
16 comentários:
Eu também já levei muita alisada de ruga entre as sobrancelhas, mas olha: é possível reencontrar o frescor aos 40. Sei que não é em qualquer esquina que encontramos algo que nos entusiasme, mas te digo que a efervescência é até melhor do que se eu tivesse 15 anos a menos. Ah, se é. ;-)
Tenho ficado tão feliz com o passar dos anos... só tenho a agradecer! =)
Klaudioca
E peraí, né, Tiná, pra chegarmos à essa infame "melhor idade" ainda faltam uns 20 anos! ;-p
eu entendo. eu sinto igual.
*
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é uma coisa de acordar e saber, né?
simples(?!) assim.
Eu sempre me perguntei como vou me sentir ao envelhecer. Acho que preciso me preparar pra isso. Eu entendo o que você quer dizer: nossa auto-imagem sempre é de alguém jovem. Confesso que muitas vezes me vejo até como uma criança ainda, ou um adolescente. Lidar não só com a questão da aparência, mas também com as doenças e limitações que a idade aos poucos traz, é algo muito difícil. Mas faz parte da vida. Que bom que isso ocorre quando estamos mais maduros, pois é essa maturidade que nos ajuda a aceitar.
Não me trocaria pelo Lucas mais novinho. Agora é fácil falar, talvez, já que dependendo do referencial eu sou mesmo bastante novo. Mas tenho a impressão de que vai ser sempre assim: eu me sentindo uma pessoa mais e mais feliz conforme o tempo passa :)
Ah, eu gosto de envelhecer. Gosto mesmo. Acho bonito. Qualquer dia te mostro o que escrevi sobre isso. Mas, again anda again, o melhor de viver é ver e sentir o Outro e, vendo pelo seu olho, ou pelas suas letras melhor dizendo, eu senti como você. Bj.
Não me sinto assim. Se vou me sentir um dia, te conto depois. Por ora, não me importo. Tenho medo da falta de saúde, isso sim. Mas aí tenho medo disso a qualquer tempo. O danado é que o corpo vai morrendo mesmo, mas talvez o inevitável da coisa traga junto o remédio: não adianta, vai acontecer. Então, meu, já que vai, pimba, que seja da melhor forma que der. Faço 40 ano que vem e, na boa, ainda é só um número. Não tenho medo de rugas. Esse comentário tá ficando grande, vou fazer um post, hahahaha. Mas não hoje.
E, Tina, tenho muito respeito por essa sua... sei lá, viagem, crise, whatever. Mas, na boa, você é um luxo de pessoa. E isso, amore, o tempo só aprimora.
Beijos
Rita
É, não tem palavras amigas que amenizem, envelhecer é uma merda mesmo.
Ana
Frequentemente sinto saudades de mim, dos vexames e das bobagens.;0)
Mas o que acho mais legal em ter 43 é dar conta da ansiedade. E olha que estou em um momento mega delicado, mega delicado meesssmo, porque dar conta de um rim doado não é bolinho não.
Mas ainda assim, acho que é mais fácil ser feliz hoje.
Ah, Tina, já não sou de ocmentar em blogs, mas vc tem o dom de me deixar sem palavras.
Ai, meu pai, cadê esperança agora depois de ler esse post?
Segundo o que vejo, vc é uma mulher luxo - poder e sedução e eu tô doida querendo chegar aos 40. Acho que daqui a 4 anos isso vai ser um grande marco na minha vida. Uma grande passagem. O diacho é que as mãos, essas danadas, contam toda a história, néah?
Eu só queria um joelho menos lascado e uma pele menos flácida.
o.O
Tina, quem sou pra te dar conselho, concordo com todas as moças aí de cima, então vou fazer o comentário mais nonsense do mundo, mas assim, deixa o cabelo crescer! O cabelo curto é elegante, moderno e descolado, mas ressalta todas as ruguinhas e dá uma cara séria demais...mais cabelo (não to falando cabelão até a cintura) vai te dar mais leveza.
Simone
ah, é difícil mesmo. e eu tenho só 28. sempre será uma coisa foda. nao adianta florear. mas vamos lá, que tem muito o que viver ainda - sem contar que vc é sim uma mulher muito bonita.
beijos!
hahahah Simone, adorei o conselho, cortei pra trocar a cor, mas vai ficar médio-ruivo em uns 6 meses e daí não corto curto nunca mais, viu?;)
Sempre achei, a grosso modo, que a velhice é uma injustiça. Somente no quesito físico mesmo.
Some a isso tudo um marido 8 anos mais jovem.
Mas eu quis, então agora, tenho que me puxar: academia, cremes, tintura de cabelo (comprido, claro!), festas...
Eu tenho medo de envelher sim, e os anos estão passando e a única coisa que eu quero e não consigo é ter um filho. Isso me mata: ver os anos passarem e as chances diminuírem. O resto... é resto!
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