domingo, 5 de fevereiro de 2012

Agora, um cineminha

Nem só de ponte aérea Fim do Mundo --> Zoropa vive este blog. Aliás, acho que tá bem mais auto-explicativo o meu Flickr que qualquer post que eu faça (mas azar, vou escrever mais, sim) sobre viagens. Enfim. Outro dia fui ao cinema, yey! Fui ver J. Edgar, pelo qual eu estava do-en-te porque o combo Clint + Leo Di Caprio + personalidade política polêmica não podia dar errado. 

 *suspiros duplos carpados*

SPOILERS! FUJA
Saí do cinema pensando "ah, Leonardo, você é demais e o filme até que é legal". 

Dia seguinte: "Leozinho tava ótimo, mas o Clint poupou demais uma figura, digamos, controversa".

Dois dias depois... "porra, Clint".

Ninguém pediu, mas a minha opinião (agora firme, juro) é de que esse filme deveria ter sido feito por um diretor que não passou pelo medo do comunismo. Aí penso no sensacional "Cartas de Iwo Jima" e estranho muito meu diretor Top 5. Ele se prendeu ao - emocionante, sem dúvida - relacionamento gay, de J. Edgar Hoover. Ok, legal, é óbvio que a vida pessoal conta muito para o que se faz profissionalmente, politicamente - vícios privados, virtudes públicas e vice-versa (não estou sendo homofóbica, pelamor, é só uma citação famosinha) - mas imagine que uma biografia do ACM só tratasse da relação dele com a mãe. Interessante, mas vamos aos fatos políticos, históricos, que fazem dele um personagem digno de virar filme. E cadê, no filme do Clint? A gente vê o cara entrando com pastinha (bem ACM, aliás) nos gabinetes de presidentes, mas não tem a chantagem clara, a manipulação, o prazer pelo poder, a maldade, jogadas na tua cara.
Clint Eastwood foi respeitoso com J. Edgar. Veja que mesmo a homossexualidade é pudicamente encoberta pela ridícula insinuação de que ele e seu companheiro foram apaixonados, mas não teriam nunca trepado - eles brigam, se beijam e J. Edgar, ofendido, diz "nunca mais faça isso". E acaba ali a tensão sexual da história. O final consegue ser patético, sacando um discurso sobre amor totalmente deslocado.

Eu escalaria Spike Lee pra dirigir este filme.

4 comentários:

Ânderson Luiz disse...

Sobre as chantagens, acho que ficou legal desse jeito. Se ele se ocupasse de mostrar toda as vezes que Hoover chantageasse um presidente, teríamos uma perda no foco. Do jeito que ficou está perfeitamente compreensível o que aconteceu e até elegante, já que ele é mostrado sempre do mesmo ângulo em idades diferentes.
Sobre o romance é verdade que ficou em cima do muro. Sobre a maldade, só a tentativa de chantagear Martin L. King já me deu vontade de esganar ele.
Como eu comentei no Twitter, não acrescenta nada à filmografia do Eastwood, mas dá pra garantir a tarde no cinema sem medo de errar (muito).

Tina Lopes disse...

Ai, Galdino, achei pouco, achei elegante demais mesmo, desnecessariamente. Não sou a fim de rever não - e eu sou a louca da reprise.

Patricia Scarpin disse...

Gostei das insinuações do poder dele em cada entrada de presidente, Tina. Gostei bastante da forma como foi feita. E a maldade é visível em alguns momentos, não me incomoda ser meio velada, dá pra sacar.
Gostei do filme e olha que Clint não é dos meus diretores preferidos, não - a minha santa trindade é Scorsese, Cronenberg e Fincher.

xx

Luciana Nepomuceno disse...

Clint, quando é ruim, é bom...(ante o rexto, né, bem explicado). Vou ver, mas sem expectativa, fora o Anderson, o povo todo que é meu guru de cinema tá decepcionado.