quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Off-Olimpics

Outro dia, pela primeira vez na vida, marquei um trecho de livro. Era um trecho sobre filosofia e eu queria mostrar pro Mr. Lopes. Na hora em que o estava destacando, tentei lembrar de um parágrafo que havia me impressionado, um dia antes, mas deixei passar. Agora só voltando e relendo uma boa parte do livro... mas aí seria outra leitura. 

Detalhe: as marcas só foram feitas porque estou lendo no Ipad. 

Nunca rabisquei um livro de papel na minha vida. Sei que a maioria das pessoas que gosta de ler e lê muito mais que eu gosta de escrever, destacar, fazer flechinhas ligando uma frase à outra etc. e isso pode ser muito útil, deve mesmo dar uma dimensão bem diferente, mais profunda, para a leitura (existe até um orgulho do quanto seus livros ficam customizados e ganham uma existência própria - diria diferenciada, se quisesse fazer ironia, mas não é o caso).

Eu não. Tenho um ranço de biblioteca pública que nunca vai me permitir usar um livro dessa forma. Veja bem, não estou julgando, sou eu. Mas tenho a ilusão, sensação, que seja, de que os livros sempre vão sobreviver a mim e que as minhas impressões não serão importantes para o próximo leitor. Penso que vou morrer e meus livros serão doados. Prefiro deixar um marcador, uma dedicatória ou uma flor no meio deles, de lembrança. 

Ou colocando de uma forma menos altruísta - detesto ler um livro rabiscado. Lembro de quando emprestei "A Peste", de Camus, de um amigo. Ele tinha feito centenas de marcações a lápis e elas me atrapalharam demais a leitura, porque as frases que eram (literalmente, rs) marcantes pra ele, nem sempre o pareciam para mim. Mas aqueles destaques a lápis, com exclamações na lateral, asteriscos no rodapé, me obrigavam a acompanhar a experiência dele e me tolhiam de uma apreciação pessoal, desprovida dessa influência. 

Bem, gostei de rabiscar o monitorzinho com uma pseudo-tinta azul clarinha. Acho que minha experiência de leitora vai começar a mudar. Sem contar que com o dicionário online ainda vou arriscar a ler em inglês. E ainda estou economizando árvores. 

O livro é "A Elegância do Ouriço", de Muriel Barbery (valeu, Verô). Sobre a leitura em Ipads a Rita já contou mais e melhor que eu. 

8 comentários:

Verônica disse...

você tá gostando da leitura? quando li a primeira vez, pensei no Mr. Lopes. queria ter alguém do lado que entendesse de filosofia para comentar. qual trecho você destacou? eu destaquei vários também.
quanto a ler em Ipads ou readers (no meu caso é um tablet android), ando preferindo a livros de papel. leio muito mais dessa forma.

Caminhante disse...

Mais alguém no mundo é assim, não estou só! \o/

Será que é uma disciplina que a gente adquire em bibliotecas?

. disse...

Tenho horror a risco em livro. Mesmo a lápis. Em xerox de faculdade tudo bem, era xerox e era só meu. Mas também tenho essa ilusão de que o livro vai sobreviver a mim e não pode obrigar os leitores seguintes ao direcionamento das minhas anotações. Na verdade não sinto vontade de anotar ou grifar coisas, prefiro só fazer isso mentalmente, vez ou outra escrevo algo fora do livro, mas nada sistemático.

Ainda não me desapeguei do livro em papel, segue sendo meu preferido, ponto. Vou levar tempo, sou turrona.

sabrina disse...

Antes de me incluir aqui na lista das pessoas que não rabiscam os livros, precisei consultar as regras, porque livro de física eu risco sim, mas esse dificilmente alguém vai se importar de ver minhas impressões ;) e nem vai ter algum spoiler.

Mas romance, ensaio, conto, o que seja, esses eu não risco, não. No máximo colo um post-it. Ou então copio o trecho num caderninho.

MegMarques disse...

Ganhei esse livro de presente e adorei, muito bom mesmo. Foi indicação da vendedora pro Rubão. Uns tempos depois encontramos a moça por acaso num buteco e quando o Rubão me mostrou, eu fui lá agradecer a ela pela indicação. Ela ficou toda feliz de ver que alguém realmente apreciou um livro que ela sugeriu!

Rita disse...

Tô ficando curiosa em relação a esse livro.

Também não marco livros, só no i-pad. E aí se o Ulisses for ler depois, o mesmo arquivo, é só deletar as marcações que são mesmo muito pessoais, né.

Bjs
Rita

Cristiane Rangel disse...

Só eu marco os livros? OK, ñ marco todos. Grifo só os que amo muito, mas muito mesmo. Grifo aqueles que sei que ñ empresto, ñ dou, ñ vendo nem troco por nada. Grifo aqueles que, quem sabe algum dia minha filha, um neto, sobrinho, sei lá, vai abrir e pensar 'caramba, ela achou isso importante'. Claro que esse pensamento pode ser tipo - ela era maluca, idiota, boba - ou pode ser - que mulher inteligente (vai vendo a pretensão)- mas eu marco. E marco pq nunca leio um livro que amo apenas uma vez e quando me pego lendo a segunda, terceira (tem livros que já li 5 vezes) paro pra pensar no que sentia quando marquei na primeira vez que li. Tenho pelo menos uns 6 livros marcados entre os muitos que possuo. E destes, ñ me desfaço jamais!

Anônimo disse...

Tina, ando terrivelmente preguiçosa para ler livros. Não consigo sair da introdução. Aconteceu desde que a loja passou a me consumir. Vai passar?